QUO VADIS, NEY?
'Curtindo a Vida Adoidado', filme americano de 1986, poderia ser o título da história de Neymar, porque o talento indiscutível do futebol tornou-se um personagem que mais se destaca fora do que dentro dos gramados. Sim, Neymar Júnior, no auge dos seus 27 anos, que já não pode ser chamado de 'Menino Ney' - como insinua Galvão Bueno em sua tentativa de colocar romantismo no esporte -talvez seja o resultado das previsões feitas pelo dirigente esportivo Renê Simões, ao apontar, no longínquo ano de 2010 que "estamos criando um monstro no futebol Brasileiro". Exagero? Pode ser, mas para onde foram aqueles garotos que encarnavam o arquétipo do atleta, com seus cabelos moicanos, tatuagens similares e ensaios de dribles de Playstation? Será que a rotina controversa de Ney já não estimula mais essa turminha?
A capacidade futebolística dele não cabe retoques: craque refinado, inteligente, decisivo. Menos quando a Seleção Brasileira mais precisa. Assim foi em 2014, contundido no mundial do Brasil, em 2018 adquirindo a mania do 'cai, cai' que espalhou-se rapidamente pelo mundo, as polêmicas crises mal explicadas com o clube Paris Saint German, e a mais bombástica de todas, sobre acusação de estrupro, que acabou lhe acrescentando exclusão da Copa América. Novamente passou-se outra oportunidade de ser protagonista em campo.
O que fica de lição, ao menos para mim, é que a criação responde pelo grande percentual de definição da personalidade de um ser, e nessas horas eu me aposso do discurso da psicopedagogia que aprendi na faculdade: "pais permissivos, filhos tiranos", ilustrando aquele estilo de fazer todas as vontades do filho, inclusive para coisas erradas (uma opinião muito pessoal), novamente reproduzindo a fala de Renê Simões: ""Poucas vezes vi alguém tão mal-educado desportivamente. Sempre trabalhei com jovens e nunca vi nada assim. Está na hora de alguém educar esse rapaz, ou vamos criar um monstro. Estamos criando um monstro no futebol brasileiro".
Enfim, ainda dá tempo de recuperar, caso ele e o pai queiram, porque o Brasil precisa de sua genialidade, mas, infelizmente, sempre que eu vejo Neymar, automaticamente lembro de Adriano Imperador, um cracasso, mas de uma irresponsabilidade pessoal que se confunde com o próprio talento.
Luis Carlos Coutinho
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