ONCE UPON A TIME FUTEBOL! Vai Começar uma Copa de Incertezas.


 
A Copa do Mundo vai começar e grande pergunta que se faz é como ela termina. Será possível a nação realmente vestir as cores do futebol, pensando em política ao mesmo tempo? A Seleção será campeã ou alguém já imaginou que, caso ela seja desclassificada antes da final, em 14 de julho, se esse país inflamado em protestos não viraria um barril de pólvora, a ponto de ameaçar a prória realização dos jogos finais? Sim, estamos diante de uma nova realidade, uma que contrasta pouca euforia com a bola rolando e a vontade lotar as ruas para protestar, já que as ruas são livres e o estádios com preços fora da realidade econômica nacional espantam o povão.
A apresentação da 'Família Scolari' foi marcada por muita confusão, desde a saída do Aeroporto Galeão, no Rio de Janeiro, até a Granja Comary, em Teresópolis, e a multidão - ao contrário de outros tempos - não estava interessada em tirar fotos com o camisa 10, ou como se diz na linguagem atual, fazer um 'selfie' com os artistas da bola. Nada a ver com futebol. Dá nostalgia lembrar dos bons e velhos tempos onde era possível separar politica de futebol, períodos marcados pela poesia de Nelson Rodrigues, ao falar da genialidade de tantos craques, saudade dos jargões, chavões e bordões criados em torno da 'Seleção Canarinho', a denominar Garrinha de 'Anjo das Pernas Tortas', ao chamar de Didi de 'Folha Seca'... 

Eu cresci entendo que jogador de futebol não tinha nome, tinha alcunha: Galinho de Quintino, Dinamite, El Pibe de Oro, Diamante Negro, Pantera Negra... Isso foi pra lá dos anos 80, quando alguem queria chamar de Zico até Eusébio. Os tempos passaram, o Brasil foi campeão mundial 05 vezes, mas os apelidos continuavam a fazer o charme dos escretes, algo como Ronaldo e seu jeito Fenômeno, Edmundo e sua fama de Animal,  Euller Filho do Vento, Edilson Capetinha, Juninho Reizinho da Colina, Angelim Magro de Aço, talvez o "último dos moicanos" a ser tratado com a galhardia que permitem os contos poéticos do futebol.  A inversão de valores foi brutal. De um celeiro glorioso tão vasto que ainda nos permite omitir nomes como Rivelino e Clodoaldo, gênios que brilhavam pelo talento, mesmo diante de uma mídia tão tímida, passar a ganhar flashes apenas pelo cabelo pintado e chuteiras coloridas fez Luciano do Vale viajar antes da hora.

Agora, Neymar tem sobre os ombros a obrigação de levantar plateias e baixar pressões. É dele e mais 10 a missão de garantir a reeleição ou derrocada de Dilma Roussef, de afirmar que o PAC 4 vai continuar, de assegurar que a Transposição do São Francisco não era apenas um sonho, ou, quem sabe, de mostrar que o país precisa revigorar-se com o sangue de Tancredo Neves, na pele de Aécio, ou ressuscitar Miguel Arraes, à batuta de Eduardo Campos... Alguém acha que Neymar lembra que existe eleição no Brasil?

Não há mais poesia, quiçá esteja nisso a razão de o esporte bretão, que mistura paixão e lágrimas ter dado tinta apenas às páginas policiais. Ah, e sobre os pseudônimos da outras gerações, penso que Valdir Amaral e Jorge Cury cometeriam suicídio se ouvissem Galvão Bueno dizer: "Vai pra cima deles, Neymar! Só tem cinco à sua frente!"
LUIS CARLOS COUTINHO.

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