Projeto da UFC cria jogos interativos para ensinar Português e Matemática no Ensino Fundamental

 

Com o objetivo de tornar o aprendizado de Português e Matemática para crianças dos anos iniciais do Ensino Fundamental mais dinâmico e atrativo, um grupo de professores, alunos ilustradores e programadores criou, na Universidade Federal do Ceará (UFC), o Projeto Mídias Digitais na Educação (Mide). A iniciativa consiste na utilização de recursos interativos digitais com elementos de jogos eletrônicos em sala de aula. Ação faz parte do programa Educação Conectada, criado em 2017 pelo Ministério da Educação (MEC).

No mesmo molde de jogos de videogame, os alunos vão passando por fases e completando desafios. A diferença é que, para avançar nas etapas, eles se deparam com conceitos de Língua Portuguesa e Matemática, e têm de demonstrar conhecimentos e resolver problemas, dependendo da disciplina. O projeto começou a pedido do MEC, segundo explica o coordenador da iniciativa e vice-diretor do Instituto UFC Virtual, José Aires. 
“O MEC nos procurou em fevereiro de 2018, foi quando começamos o processo. Já desenvolvemos dez jogos: cinco voltados para o Português e cinco voltados para a Matemática. Todos os jogos estão alinhados com a Base Nacional Comum Curricular (BNCC)”, explica o professor. 

Conforme Aires, a BNCC estimula o uso da tecnologia como ferramenta de aprendizado. E é com esse direcionamento que o Grupo de Pesquisa e Produção de Ambientes Interativos e Objetos de Aprendizagem (Proativa) e o Laboratório de Mídias Educacionais (LME),  do UFC Virtual, se uniram para criar os jogos. Os games estão disponíveis na Plataforma MEC de Recursos Educacionais Digitais e já podem ser baixados por professores e escolas que tenham interesse de testá-los. 
“Junto do material a gente cria também um documento chamado de guia didático pedagógico que orienta cada professor na utilização do game. A ideia é que o jogo seja introduzido durante todo o ensino da disciplina e não só apenas como um teste”, diz José Aires. 

O coordenador explica que a partir de agosto, a equipe do projeto irá realizar formações locais com escolas e professores da Capital que demonstrem interesse em integrar os jogos na rotina dos alunos. “Mas no fim do ano uma formação mais geral será disponibilizada para um número maior de professores e escolas de todo o Brasil”, comenta. 

Benefícios 
Segundo José Aires, ter este tipo de material em sala de aula é sinônimo de mais motivação e integração dos alunos. “A linguagem do game hoje em dia faz muito parte do cotidiano dos alunos. Ao transformar certos assuntos em jogos, o aprendizado acaba ficando mais divertido e é melhor para a criança entender. Nós nos preocupamos em fazer materiais lúdicos, com imagens coloridas, que chamam atenção, mas também com preocupação de conteúdo”, afirma. 
Juscileide Braga de Castro, professora do Departamento de Teoria e Prática do Ensino da  Faculdade de Educação da UFC, reconhece os benefícios do jogos para o aprendizado, mas atenta para que se pense no contexto socioeconômico em que as escolas estão inseridas. “É preciso pensar em políticas públicas para isto e também investir em formação de profissionais que estejam preparados para lidar com essa questão”, pondera.


Materiais 
Um dos jogos disponíveis é o “Qual é o seu pedido?”. Segundo o coordenador do projeto, José Aires, este recurso explora o cardápio, que é um dos gêneros textuais da língua portuguesa, ensinado geralmente no 4º ano do Ensino Fundamental. O objetivo do game é tornar-se o chef de um restaurante e, para isso, os jogadores têm de ter conhecimentos do gênero para avançar as fases. 

Voltado para a Matemática, um dos materiais envolve o ensino de figuras geométricas. É o “Brincando com as formas”.  “Esse trabalha com a geometria espacial a partir de um cenário de fantasia. No jogo, a criança chega no seu quarto e é convidada a fazer desafios com objetos geométricos que estão lá. Ao completar, ela viaja em uma nave espacial para um planeta chamado “Tetrix”, que é um tetraedro, uma figura geométrica”, explica José Aires. 
A partir de 2020, após a formação mais geral de professores, segundo o coordenador, a expectativa é de que o projeto tenha uma boa adesão. “No fim deste ano tem a formação geral e ano que vem as pessoas já vão ter um maior conhecimento da iniciativa. Não será obrigatório, é uma cultura que queremos estimular nas escolas”, indica.


Fonte: Diário do Nordeste

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