"EU VI UM MENINO CORRENDO, EU VI O TEMPO BRINCANDO AO REDOR DO CAMINHO DAQUELE MENINO..."

Os ônibus estacionam e despejam dezenas de jovens que, apressadamente, correm para entrarem em sala antes de a sirene zoar. Logo atrás, caminhonetas D20, kombis e veículos menores se aglomeram no entorno das praças com o mesmo fim, enquanto os motoristas já preparam o baralho ou o travesseiro para o repouso até a volta para casa. 

Literalmente, estamos em Porteiras do início da década de 2000.as aquele cenário de aulas noturnas, chegando a ocupar todas as escolas da sede, inclusive duas de nível médio não é mais o mesmo, passados 10 anos desta observação do ano 2006, quando ainda era comum esse corre-corre pelas avenidas, é fácil perceber que não há mais veículos chegando ao entardecer, no máximo, saindo para outros centros universitários, agora já em outros padrões de conforto e ainda com o 'sol fora'. Falta jovem? Há êxodo urbano ou a população diminuiu? Categoricamente, é possível considerar tais fatores, mas os números podem confirmar com mais exatidão.

IBGE AFIRMA
Em 1991, Porteiras tinha 15.027 habitantes.  Em 2000, foi a 15.658. Em 2010, 15.061, índice que praticamente não sofreu alteração em 6 anos, e pela última amostragem do instituto, em 2016 a estimativa populacional de 2016 caiu, e estacionou em 14.965 pessoas. Deste quadro, mantém-se o padrão nacional, em que a faixa etária entre 19 e 24 anos sobrepõe as demais, enquanto que os que têm entre 05 e 10 anos, está paralelamente igual à de 30 a 34 anos de idade. 

Esta avaliação surgiu de uma recente pesquisa feita sobre os indicadores demográficos atuais, um dos métodos recorridos para justificar que um concurso público municipal para contratação de professor efetivo, por exemplo, pode estar sob risco de distorção professor/aluno. Nele, o IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - apresenta dados até então despercebidos que nos levam a entender o porquê das escolas cada vez menos povoadas, algumas delas fechadas ou agrupadas a outras,  pouquíssimas crianças e hoje circulando pelas ruas e praças (exceto nas atividades esportivas) ou adiando a hora  de dormir, com suas algazarras pelas calçadas. É que não nascem mais meninos e meninas como antigamente.


O exposto de um 'replanejamento' familiar não-programado, mas oriundo dos moldes de uma sociedade cada vez mais cuidadosa, e, por conseguinte, descompromissada com a reprodução, traz uma certeza que traduz o flagrante na queda populacional de um município que durante décadas foi oficialmente conhecido como um dos de melhor densidade demográfica (número de habitante por km quadrado) do estado do Ceará, e tal constatação pode ser vista na  Rua José de Alencar, alameda conhecida e numerosa, começando da Farmácia Santa Clara até à Casa Paroquial, só localizamos 07 crianças na faixa etária de até 12 anos, num universo de 28 casas habitadas. Já na Rua Antônio Denguinho de Santana, a popular 'Rua do Fórum', não há uma criança sequer.  Algumas exceções na cidade devem ser consideradas, como os bairros Entre Rios, Sol Nascente, Alto Campo Santo e Baixada, onde historicamente residem mais famílias com variado nível econômico e social. 

Outro dia, em uma festa de batizado de um garoto de 1 ano de idade, um fato chamou a atenção: praticamente só havia adultos na festa, as crianças podiam ser contadas a dedo, já que cada casal, ao ser perguntado pelos anfitriões onde estariam seus filhos que não vieram todos, respondiam: "o meu filho é este aqui, e eu só tenho um".


O  BLOG do Luis Carlos abre um leque livre, baseado em algumas fontes, para abordar um assunto em discussão nacional: índice populacional. A nossa abordagem é restrita à cidade de Porteiras. 



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