A LIÇÃO DE BAIXIO!
A decisão do povo é soberana e quem desejar sobreviver na política, vai ter que aprender a conviver com ela. Pela primeira vez, fugindo um pouco das regras de redação, eu, Luis Carlos Coutinho, quis relatar em primeira pessoa. E assim o fiz.
O recado dado nas urnas pela população de Baixio, depois de quase 4 décadas sob a batuta de Nilton Ricarte de Alencar, parece ter deixado lições. Lições para os dois lados. Baixio cansou de um filme repetido? Mudou apenas de prefeito ou envederou pelo caminho da mudança de modelo administrativo? Estes e vários outros questionamentos esperarão o tempo para serem respondidos, mas o óbvio é que houve a interrupção de um ciclo desgastado pelo comodismo de um grupo que já não encontrava sustentação popular, como em anos anteriores.
Nilton, depois de 20 anos, novamente aliado ao ex-prefeito Armando Quaresma, pagou pelos erros da filha Laura Alencar, inexperiente e desatenta aos clamores sociais, quiçá mal acessorada, ou predestinada a redigir um 'estatuto' ultrapassado de governo. Derrota e silêncio de um sistema que se autovangloriava de nunca haver perdido uma eleição, afinal, além da eeição da própria filha em 2012, foram 04 mandatos de Alencar, um de Armando apoiado por ele, outro de Zé Humberto, também por ele indicado e a rara lucidez de criar o seu próprio fim: a eleição de Glória Isabel, em 2008. Foi aqui que tudo começou a inverter-se.
A campanha eleitoral de 2016 foi apoteótica, digna de um filme com personagens até então anônimos que viraram protagonistas, de protagonistas que se tornaram meros coadjuvantes, e de um povo que teve como enredo a virada histórica. Depois de baixar a poeira das intermináveis comemorações, a frieza dos números nos permite elencar detalhes que somente a isenção passional poderia revelar: apostas desfeitas em cima da hora, clima acirrado entre militantes com vários registros de lesões corporais, ameaças de parte a parte, confinamento de políticos em casas de eleitores até altas horas da madrugada por temerem contato com manifestantes, choro, muito choro em praça pública.
Um senhor de idade com quem conversei por longos minutos, falou algo que ficou gravado: "tudo o que o pessoal de Nilton inventava dava errado", citava ele. E para confirmar a tese, recorremos a alguns registros:
1 - A saída do vice-prefeito Raimundo Amaurílio (Zico), do grupo do poder para a oposição;
2 - A polêmica da reforma da Praça 15 de Setembro, e seus vários capítulos de discordia entre a lei e aceitação popular;
3 - A repercussão de uma tentativa frustrada de aprovar um projeto na Câmara Municipal criando bolsas de estágio para jovens;
4 - A recusa do grupo da prefeita em apoiar o evento esportivo 'Ronaldo Angelim & Amigos', que causou severas fissuras internas no partido, entre as quais o aborrecimento do presidente do Sindicato dos Servidores Municipais, Reginaldo Farias, John Alencar e aliados, numa clara insatisfação causada no meio esportivo;
5 - O fatídico caso do ônibus universitário, em que o aluno Jackson Santos foi o pivô de um típico ensaio do anonimanto à luz dos fatos, e que ganhou notoriedade em toda a imprensa regional;
6 - O entendimento entre dois antigos rivais, Alencar e Quaresma, depois de tanta negação em público, pouco digerida por correligionários de ambos;
7 - A impugnação da candidatura de Glória Isabel, impetrada pelo grupo de situação, que gerou adversidades;
8 - A tentativa sem sucesso da mesma investida contra a candidatura de Zé Humberto, que logo após confirmada pelo TRE parece ter colocado mais pilha nos ânimos de quem se confessou oposição;
9 - O vazamento do áudio whatsapp, em que uma voz atribuída a Ricardo Alencar conclamava amigos a reforçarem comício em Umari e posteriormente, gente de Umari e PIO X devolveriam o apoio ao comicio de Laura em Baixio;
10 - A jogada de toalha de Nilton em visitar as residências da cidade, a essa altura já sem parte da familia do lado, como sobrinhos e parentes próximos.
Apenas alguns números para Nilton Alencar, Armando Quaresma, Glória Isabel e sobretudo Zé Humberto não ignorarem, pois foram fundamentais para a mudança de atitudes. A bem da verdade, por estes e outros episódios, parece nítido que Baixio estava decidido a caminhar por outros vales, independente de quem os representasse.
Nilton Alencar, grande líder e articulador que é, esqueceu de ouvir o 'mundo virtual', as redes sociais e seus perfis aflorados. Parece nunca ter sido simpático a isso, mas seu nome continua forte, independente da derrota.
Zé Humberto, pelo amparo político encontrado em Glória, foi um nome que 'aconteceu', caiu nas graças do povo e foi pelo povo abraçado. A tarefa agora é corresponder tanta confiança e expectativa depositada.
Glória Isabel, de peito lavado, sabe que o projeto político ganhou outro rumo, sabe que há muito equilíbrio à sua espera.
Armando Quaresma, com todo o respeito construído ao longo de uma amizade, deu um passo pra trás na vida pública.
E agora, Baixio, como será o amanha? Creio eu que, cada detalhe dessa história modestamente narrada, passível de receber outros retoques que fugiram ao meu alcance, precisa ser levada em conta durante cada ação do novo governo que começa em janeiro, porque, como me acostumei a dizer: QUEM UM DIA ABANDONA O POVO, SERÁ POR ESTE MESMO POVO ABANDONADO!
Luis Carlos Coutinho
Só discordo em alguns pontos:
ResponderExcluir1- Nilton Alencar morreu politicamente. A resposta popular contra um político que só pensa em si e no assistencialismo para vencer as eleições foi grande e devastadora, principalmente na zona urbana.
2- O povo não aceita mais esse tipo de política assistencialista e acovarde, por isso a derrota acachapante.
3- A peia foi grande e o choro ainda é livre. Hahaha
muito bom. parabéns por sua narração e principalmente por seus pontos de ?????.
ResponderExcluirMuito obrigado pela interação de vocês! Todos os comentários (com nível, iguais estes) serão aceitos!
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