DEMOREM, MAS CONHEÇAM UM DIA!

HRC - Dom Murilo de Sá Barreto

Por Luis Carlos Coutinho

Um dos grandes desafios ao homem do nosso tempo é incutir nele o dom da gratidão. Numa sociedade extremamente machista e rígida em termos de afabilidade, ser grato soa como ser bajulador, submisso ou 'coitadinho'. Mas as lições do dia-a-dia nos mostram que não precisamos carregar sobre os ombros esse sentimento de inferioridade, sobretudo na hora da dor. Refiro-me, em meus comentários de exórdio, ao Hospital Regional do Cariri (Juazeiro do Norte), significativa obra realizada pelo Governo do Estado e que, desde abril de 2011 vem mudando o panorama da Saúde no interior. E que mudança de impacto! 

O HRC é o que já vi de mais moderno em atendimento hospitalar, e sem exagero posso enumerar os porquês dessa afirmação.Conheci esse serviço, talvez nao como deveria, no exercicio da minha profissão, mas da maneira mais dolorosa possivel, como milhares de pessoas que se deparam com os inesperados golpes que a vida dá. Mas valeu a pena saber que, para ter acesso às intalações da unidade, o rigoroso sistema precisa ser enfrentado, desde à portaria ao último andar do prédio, onde ficam os leitos de internamento. Já na entrada, tanto pelo setor clínico como de emergência, as exigências começam pelo traje: é preciso estar bem composto na roupa e calçado para entrar. Quem costuma conduzir bolsas, estilo portfolio, deve ser informado de que os utensilios são proibidos de entrar às divisões especiais, e quando permitidas recebem o lacre na portaria que não pode, de maneira nenhuma, serem violados, pois passarão por inspeção nos setores de acesso; Visitas a pacientes em UTIs tem um horário rápido e rigidamente controlados: roupas adequadas, esterilização e higienização prévia. Só entra uma pessoa de cada vez; Já nas enfermarias não é diferente: o visitante precisa se credenciar na portaria, recebe um crachá e é conduzido por um agente do hospital, de elevador, até os corredores do leitos; No caso de acompanhante de paciente, a normatização começa pelo gênero: paciente homem, acompanhante do mesmo sexo, e vice-versa. Roupa adequada, limite no uso de celular e não tocar em nada, antes que os atendentes/plantonistas sugiram; Mas quem não se enquadra em nenhuma dessas listas de visita ou acompanhante ainda assim é sabedor que, de dentro das unidades nenhuma informação será concedida que não seja repassada pelos serviços de Assistência Social.  Outro detalhe que me chamou a atenção é que o HRC adotou um modelo de gestão baseado em experiências de outros países. Para cada natureza de atendimento tem uma cor específica já na recepção e cada uma com um tempo prévio de espera avisado. Ah, antes que esqueça! O Hospital que atende uma clientela gigantesca de usuários do Cariri, Sertão Central, Centro Sul e estados vizinhos não recebe casos simples, como o público se acostumou a procurar em cidades menores. 

O burocrático sistema que, inclusive divide opiniões, tem uma explicação: a busca pela qualidade e segurança do usuário. Mas como povo é povo, uma senhora que me acompanhara no elevador até o andar de cima, teve um surto de insatisfação com o HRC: o elevador tava demorando muito chegar! Acreditem os senhores!

Finalmente, com idas e vindas de opiniões, críticas ou elogios ao Estado, ao tão criticado Sistema Único de Saúde e às vezes às atitudes do governador em outras áreas, só me restou uma declaração, livre e esntusiasmada pelo que vi: Parabéns Governador Cid Gomes pela iniciativa! E aos amigos, desejo que um dia possam conhecer o moderníssimo hospital, mas não como eu conheci.