06 DE JULHO: O DIA EM QUE BAIXIO SE AJOELHOU
(Foto apenas ilustrativa. Não corresponde ao fato) |
Por Luis Carlos Coutinho
O crime não tem face, mas a covardia tem nome: omissão. Nunca na história de um país a vida esteve tão banalizada e a constatação não requer mais relatos dos grandes centros urbanos, pois é na singeleza do habitat que se fomenta e peste. Também, num país onde a máquina fundiu diante das falcatruas, onde o poder central estimula leis que patrocinam a impunidade em alegação à falta de estrutura carcerária, onde a figura do professor é tão cuspida quanto um tapete, onde as escolas assustam mais que os guetos, o que mais se podia esperar? Aos passos do desastre social deflagrado, Baixio viveu outro inferno esses dias.
Em plena luz da tarde da quarta-feira, dia 06 de julho de 2011, a estrada do sitio Picada com Várzea Redonda se transformou num verdadeiro campo minado. Barricada montada para fisgar iscas humanas alheias ao perigo iminente, acostumadas à calmaria do lugar. Veículos abordados, pessoas, crianças e idosos, amarradas, amordaçadas, surradas, humilhadas em sua suprema impotência. No bolso, prejuízo, no rosto trêmulo um fuzil encostado, como a senhora ‘X’, aposentada que quase enfartou ao conhecer na realidade nua e crua o que apenas imaginava existir na televisão. E foram minutos de tensão. Um pai de família espancado chorou as dores de um castigo que não merecia, outro alimentando formigas com sua própria carne, um jovem incrédulo ao perder a motocicleta que comprara com tanto sofrimento. Sofrimento menor que o daquele dia. Voltemos à fita e perguntemos: era no Baixio mesmo isso tudo?
Quis Deus que nenhuma vida fosse subtraída além dos objetos. Outra vitima foi obrigada a seguir com os ‘animais’ (com todo respeito aos animais) até o estado da Paraíba, como refém em seu próprio carro e mais tarde voltou pra contar a estória depois de tanto implorar pela vida. Quantos eram? Que rostos tinham? Ninguém sabe dizer e quem sabe jamais dirá, porque vivemos num Estado onde a sociedade tem mais medo do próprio Estado do que do crime. E cá entre nós, se tem algo organizado nesse país, é o crime!
Baixio apenas provou do aperitivo do que ainda está por vir, afinal de contas se o governo brasileiro não tem dinheiro para manter ‘monstros’ em seus devidos lugares, além das cercanias dos ‘bandidos’ que vivem em Brasília, a sociedade que se dane!
Falta investimento na segurança, mas principalmente na Educação. Não estou defendendo o crime, acho até repugnante, porém exitem muitos pais de famílias que se acham entre o crime e o choro do seu filho pedindo pão. Situação lastimável. O crime tem que ser combatido, mas peixe pequeno não adianta, tem de ser fisgados os grandes, que em sua maioria são deputados, comandantes das Polícias Militar e Civil, entre mais canalhas. É preciso coragem para enfrentar a corrupção também. Coisa não muito simples. Espero que tudo mude, mas minhas esperanças já estão pedindo para tirar férias, de tanto desgastada que está!
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