O POVO É PALHAÇO SIM!
Por Luis Carlos Coutinho – 08 Outubro de 2010
O picadeiro está pronto, a propaganda saiu da televisão e invadiu as ruas. Tem espetáculo no Congresso. Como nunca se viu dantes, nem nos longínquos e amadores anos de política da década de 30 uma instituição já combalida sem crédito, sem filosofia, sem pudor, sem moral e sem seriedade se tornar um circo como agora. Mas os palhaços que escondiam o rosto agora terão que se assumir publicamente, pois já têm um líder revelado.
Tiririca foi eleito deputado federal. Migrou das desprezadas reles de Itapipoca, no grosso do Ceará, para as chacotas do sudeste. Recepcionado na Marginal do Tietê talvez, em busca de um lugar ao sol, como palhaço que merecia, migrou outra vez de lugar e vai armar as suas ao lado do Paranoá. Duvidam? Mais de 1,300 milhão de votos, puxando três deputados na legenda, rindo da cara de empresários acostumados com as farras das passagens aéreas bancadas pelo poder, fazendo piadas... Tornou-se a maior de todas elas. “Vocês sabem pra que serve um deputado federal? Nem eu. Mas vote em mim que eu descubro!”. Outra pérola: “Vote no Tiririca, pior do que ta não fica!”. Pior que vai ficar mesmo. O que esperar de um congresso que tem por tradição eleger palhaços, disfarçados ou assumidos?
Há décadas que o país vive estagnado por leis que caíram em desuso, mesmo sem serem usadas, reivindicações populares que jamais ecoaram por falta de uma voz que as transmitissem, sede de mudança na estrutura governamental do Estado. No curso dessa caminhada desde o Estado Novo, a Nova República, a Ditadura, os Anos Dourados, o Brasil de Lulinha Paz e Amor, colocamos e tiramos milhares de doutores da lei no Senado e na Câmara... Ninguém fez nada. Aí resolveram dar corpo à revolta e elegeram Tiririca. Parece até que foi um duro recado das urnas à estagnação que continuará a nos inflamar, sobretudo por falta de qualificação. Estão brincando de fazer política e esse gesto dos paulistanos, um povo que cobra pra si o status de mais politizado da nação, optando para legislar quem não tem a capacidade de sequer escrever o próprio nome, é a mais pura prova de que não temos identidade definida e que talvez não estejamos preparados para consolidar um estado democrático.
Certa vez disse um ex-lider americano sobre o papel da Democracia no mundo: “O bom da Democracia é que nela, tanto um juiz quanto um lenhador pode ser tornar presidente da república”. É fato, mas nada que justifique brincar com o futuro de uma nação. O Brasil tem lugar pra tudo, mas cada um no seu lugar.